O diabetes gestacional é uma condição que afeta muitas mulheres durante a gravidez e que pode ter sérias consequências tanto para a mãe quanto para o bebê, se não houver um acompanhamento médico.
A endocrinologista e especialista em diabetes gestacional do Centro de Diabetes Curitiba, Dra. Josiane Detsch, compartilha informações essenciais sobre essa condição e a importância de um diagnóstico e acompanhamento adequados.
“Muita gente não sabe, mas o diabetes gestacional tem sido cada vez mais comum. É um diabetes diferente, aparece na gestação e muitas vezes depois da gestação ele tende a sumir. Só que essa mulher a longo prazo também vai ter um risco maior de ter um diabetes tipo 2”, diz a endocrinologista.
Segundo a especialista, o diabetes gestacional ocorre devido às mudanças hormonais durante a gravidez, que são necessárias para o crescimento adequado do bebê. Essas mudanças, como aumento de alguns hormônios, causam hiperglicemia na gestante, para transferir todos os alimentos, aminoácidos e proteínas para o bebê.
“Esses hormônios da gestação vão causar uma resistência à ação da insulina. Então, a mulher que tem uma predisposição para que o pâncreas não produza uma quantidade suficiente de insulina para aquele tanto de glicemia alterada, vai desenvolver o diabetes gestacional. É um status de resistência insulínica e, cada vez mais, a gente tem visto o seu surgimento”, diz a médica.
Dra. Josiane destaca alguns fatores de risco para o desenvolvimento do diabetes gestacional, que incluem – ganho de peso, vida sedentária, hipertensão arterial, síndrome de ovário policístico, histórico familiar de diabetes tipo 2 e diabetes gestacional em gestações anteriores.
“O diabetes gestacional é uma condição assintomática, muitas vezes você não irá ter sintoma. Na maioria das vezes, a gente só vai detectar através de exames laboratoriais”, alerta Dra. Josiane.
A endocrinologista explica que o diagnóstico é feito inicialmente através da glicemia de jejum, que deve ser parte da rotina do pré-natal e que os critérios de diabetes gestacional são bem diferentes dos fora da gestação, são mais específicos .
Segundo a médica, se a glicemia estiver acima de 92, isso já configura um diagnóstico de diabetes gestacional. “Se a glicemia de jejum inicial não indicar diabetes gestacional, é recomendada a repetição de uma curva glicêmica, uma sobrecarga de glicose entre 24 e 28 semanas de gestação. É o período que teoricamente a mulher tem mais resistência à ação da insulina e na maioria das vezes aparece o diabetes gestacional. As mulheres que já tinham na glicemia de jejum não precisam fazer a curva glicêmica”, explica Dra. Josiane.
Complicações na Gravidez
Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), o diabetes gestacional é uma das complicações metabólicas mais frequentes da gravidez, afetando cerca de 18% das gestantes no Brasil.
Mulheres com diabetes gestacional possuem maior risco de pré-eclâmpsia, aumento de pressão arterial, hipoglicemia no bebê ao nascer, parto prematuro, icterícia e dificuldades respiratórias no recém-nascido. “Se a gestante não tiver acompanhamento médico durante a gestação, e um diagnóstico com tratamento adequado, esses riscos aumentam. Mas se tiver acompanhamento adequado, a tendência é não ter riscos a longo prazo”, tranquiliza Dra. Josiane.
Uma das maiores preocupações das mães é se o bebê terá diabetes. “Isso não é o que acontece no primeiro momento. A tendência é que tenha hipoglicemia, quando a doença na gestante não está controlada. Existe um risco futuro de na vida adulta, esse bebê ter diabetes e obesidade. Por isso que a gente precisa acompanhar de perto”, conclui Dra. Josiane Detsch.